Um dia de cada vez...

Quando cheguei aqui, imaginava voltar pelo menos uma vez por ano pra Sampa, para visitar parentes e amigos aproveitando a estadia para colocar a saúde em dia, ou seja, fazer revisões, passar por médicos, realizar exames... enfim, tudo. Santa ignorância!! Em todos os sentidos... não foi por maldade, apenas que durante os 30 anos de minha existência, minhas referências sobre tudo na vida, estavam lá em São Paulo. Querendo ou não, era hora de mudar. O tempo por aqui, iria se encarregar disso. Assim foi. Primeira vez no pronto socorro, primeira consulta no médico, primeiro exame de laboratório...e por aí vai. Posso dizer que em muitos aspectos, a expectativa foi superada, em outros, nem tanto.

Hoje, após 2 anos de vivência na terrinha e totalmente adaptada aos costumes e manias. (tanto, que a última vez  que estive em Sampa há 2 meses, até estranhei o sotaque) chegou a hora de encarar a primeira cirurgia.

A qualidade de vida que aqui encontrei, o horário flexível na minha nova atividade profissional me deram a oportunidade de levar o esporte mais a sério, oportunidade essa que não desperdicei. Mas, quanto mais longe você chega, maior o risco de lesões. Apesar de sempre tomar muuuuuuito cuidado com exageros e sempre respeitar as recuperações, por mais difícil e chato que seja, ainda sim fui pega de surpresa. O neuroma de morton estava lá pra me atrapalhar. Foram 3 meses tentando de tudo. Palmilhas, calçados, pomadas, fisioterapia, antinflamatórios e nada. Quer dizer, até aliviou um pouco, porém não foi o suficiente. Eu conseguia correr e participei de algumas provas, mas sempre sentindo que ele estava lá. E acelerar? Nem pensar! Se fizesse essa força extra para aumentar a velocidade e jogar mais peso no peito do pé para propulsão, aí sim era como um choque, eu ia até a lua e voltava de tanta dor. Não tinha mais o que tentar, o jeito era entrar na faca. 

A cirurgia é relativamente simples. Só abrir entre o 3º e 4º metatarso, retirar o neuroma e fechar. Após 2 semanas retirar os pontos e mais 2, vida normal. A única incógnita é que com a retirada do nervo, a sensibilidade da região afetada é perdida. Será que vou acostumar com isso? Logo saberei....

Preparei a cabeça pra ficar parada, fiz um treino mais puxado para me despedir das pistas temporariamente. 

Chegou o dia. Eu estava feliz de me livrar daquilo de uma vez por todas e segura, pois o médico que iria realizar o procedimento é referência aqui na Bahia, uma fera. Então, só me restava ficar tranquila. 

A alegria durou pouco, já na ida para o hospital, o dia estava horrível, garoando sem parar e o trânsito estava o caos. Meu marido nos deixou lá e seguiu para o trabalho, minha mãe ficou para me acompanhar.Chegamos para a internação com uns 40min de atraso , nada que comprometesse a agenda. Fomos para o quarto, já me troquei (aquele avental e touca terríveis) era só aguardar. O tempo foi passando, passando, passando e cadê o médico? Ligamos no celular dele e nada. Tempos depois, veio uma posição do centro cirúrgico. Ele iria atrasar. Ah, que novidade!!! Como se já não estivesse nem um pouco!!! Eu, já quase  há 15h de jejum estava p..........da vida. Morrendo de fome! Enfim, após 3h de atraso, ele chegou.

Lá, já na "boca do gol" quando a anestesista disse: Você vai sentir tontura e depois um soninho bom...

Realmente, depois dessa sensação, apaguei na hora. Acordei com a anestesista me chacoalhando, dizendo que estava tudo bem e elogiando minha frequência cardíaca durante o procedimento. 

Ainda meio tonta, parecia que eu tinha fechado os olhos e aberto em seguida, perguntei para a enfermeira quanto tempo tinha passado e ela respondeu precisamente: 1h05min. Na mesma hora, fui liberada para o quarto, pois estava bem. 

Horas depois, eu estava a caminho de casa. Preparada  para encarar os dias longos e tediosos que viriam a seguir.
Hoje, após 5 dias de cirurgia, ainda de castigo no quarto com o pé pra cima sem poder me locomover muito, pois pé pra baixo é sinônimo de inchaço. Melhor obedecer as recomendações médicas para sair o mais rápido possível dessa. Aproveito o tempo para assistir filmes, ler e já  programar os próximos desafios esportivos. 

Por enquanto, vivendo um dia de cada vez...

Agradecimentos:

Primeiramente Maezinha, obrigada por todo cuidado, carinho e mimos nesses dias monótonos, você torna mais fácil passar por isso. Obrigada Gigi, minha sobrinha e enfermeira mirim, toda atenciosa com a Dinda.
Dri, por assumir meu filhote nesses dias. Ele tá adorando o grude com Dinda!

Aos prós queridos: Karen, Elayne e Glauco, por me substituírem nas aulas de spinning e ainda Glauco pelo patrocínio das minhas pernas temporárias (muletas) fundamental!!!

Minhas amigas Carlucha e Paty por todo apoio sempre.

Boa semana!!