Vivendo a Bahia!

Nascida e criada em São Paulo capital, e há pouco mais de dois anos morando em Lauro de Freitas - BA. Resolvi criar esse blog para compartilhar as experiências, alegrias, diferenças, choques culturais, aventuras esportivas e conhecimentos que marcam essa mudança e adaptação. São histórias e curiosidades da nova rotina que tem seu tom de humor e vale a pena dividir. Isso é Brasil! Sejam bem vindos!!





terça-feira, 8 de outubro de 2013

TROTE 120K - Uma expedição pelo Recôncavo Baiano- EQUIPE INSANOS

O dia começou com o check-in das equipes, seguido pelo comboio para deixar as bikes no local de transição. Equipe unida, vai junto até no comboio!! E esse tempinho com os meninos Insanos, já deu pra sentir 2 coisas: Primeiro: Eu iria dar muitas risadas nessa prova.  Segundo: Nunca ví tanta gente desorganizada junto, me incluindo claro..... isso num ia dar certo! kkk
Começou no comboio. No meio da estrada, Dau, o motorista, reparou que o combustível estava na reserva, só faltava a gente voltar do comboio empurrando o carro! kkkk Felizmente, isso não aconteceu!

                                                     Foto: Flavyo Lima

Bikes entregues! Hora de retornar pro briefing. Assistimos ao briefing devorando "o rango" que Walter providenciou pra galera, e deu uma energia a mais antes da prova!
Enquanto os meninos marcavam o mapa, já comecei a me preparar pra não esquecer de nada! !Passa protetor solar, confere a mochila, come mais alguma coisa.... afinal, estava prestes a começar uma prova, da qual não sabia como me sairia... e eu não estava afim de dar trabalho pra ninguém!

                                                       Foto: Flavyo Lima
                                                 Foto: Flavyo Lima

Largamos às 13h, e juro, se falasse que tinha "um sol pra cada um" ainda era pouco...muito, muito quente!! A estratégia foi sair num ritmo tranquilo, pra ninguém quebrar, e quando o sol baixasse um pouco, apertaríamos o ritmo. Começamos como na CICA, o PC1 era no cume da montanha, e dalí, seguiríamos para o Rogaine (pista de orientação).  
Nosso navegador já acertou optando por um atalho, e chegamos no PC1 na frente! Dau fez o grande favor de carregar minha mochila nesse começo de sobe e desce no solzão, o que foi um grande alívio, pois começo de prova é sinônimo de mochila pesada! Valeu Dau! 
O que aliviou no peso, compensou no espinho, esse trajeto do Rogaine foi marcado por vegetação mais fechada num trecho muito espinhudo. Isso porque eu estava toda coberta, mas alguns passavam pela roupa.
Fiquei presa toda enrolada numa planta dessas, e "Capoeira" da equipe Kaaporas que estava com a gente nesse trecho que ajudou a me desvencilhar da planta assassina! Seguimos em frente, até a transição para o caiaque. E esse seria loooooooongo 20k!

                                              Foto: Flayyo Lima
                                             Foto: Kassiele Kaiper (chegando no PC1)
Foto: Kassiele Kaiper  (No Rogaine)
Foto: Kassiele Kaiper (Rogaine, entrando no matinho espinhudo!)

O Rio Paraguaçu é lindo, horas bem largo, horas mais estreito. Assistimos um pôr do sol único e com certeza inesquecível a nossa direita, inclusive, talvez tenha sido por isso que falhamos em passar direto pelo PC3, primeiramente acreditamos que o mesmo não havia chegado, pois olhamos tudo e para não perder mais tempo, seguimos. Pensando agora mais friamente, talvez o sol tenha ofuscado nossa visão. Mas, deixa pra lá.
                                           Foto: Ana Paula Mattos

Me despedi do sol já pensando se sentiria muito sua falta na minha primeira noite de aventura.... preocupações a parte, tinha chegado a hora de viver essa experiência. Remamos, remamos, remamos.

                                       Fotos: Ana Paula Mattos

A musculatura das costas e trapézio já davam sinais de cansaço, mas o que mais incomodava eram as pernas, precisava trocar de posição, optei por cruzá-las, e segui remando assim, um pouco mais confortável. Paramos poucas vezes de remar, apenas para tomar água ou comer alguma coisa. Ficamos conversando para driblar o cansaço e quando escureceu completamente, o céu revelou-se admirável, não tinha nem uma nuvem, e dava vontade de ficar olhando pra cima. Muito lindo! Os olhos se adaptaram rapidamente à escuridão, enxergava apenas o necessário, o brilho da água, a sombra da vegetação em volta, as luzes distantes da civilização. 
Poucas vezes usamos lanterna, apenas para alguma conferência no mapa. Tinha receio do frio, ventava bem forte contra, o caiaque batia bastante e eu já estava toda molhada. Nas poucas paradas, o frio tentava me pegar, mas o esforço me mantinha aquecida, e até quando espirrava água, parecia que ela me esquentava, tava uma delícia! 
Quase 4h30m depois, finalizamos o remo. Estávamos em primeiro lugar! Então, nada de perder tempo, seguimos em frente! Tínhamos que chegar na outra margem do rio nadando, uma distância de mais ou menos 600m. Agora pense: como é possível nadar cheia de roupa, tênis, colete salva vidas, mochila e head lamp? Não dava pra exigir grandes performances rsrs. Entramos na água e foi a sensação que imaginei, quentinho!! Duro seria sair!! Fiquei testando a melhor forma de atravessar naquelas condições e me ajeitei de costas. Foi perfeito! Água quentinha, serviu para relaxar a musculatura, e ainda apreciando aquele céu infinitamente estrelado, não queria sair mais dali! Mas tinha que ir! Pelo menos saímos renovados, tanto que fomos para o trekking no trote! 
Eu me sentia gelada, mas não sentia frio, dá pra entender? O fato é que descobri que a noite é sensacional! Não tem aquele bafo do sol, e limita sua visão apenas ao necessário! (ás vezes é melhor não enxergar não é mesmo?) estava adorando a experiência. As 22:58h, saímos para o primeiro trecho de bike, minha iluminação parecia ser suficiente e não precisava diminuir muito o ritmo, essa parte ainda estávamos bem e finalizamos rapidamente os primeiros 10k. Chegamos no Pc que tínhamos apoio de suprimento e ainda bem, uma blusa que eu havia deixado já prevendo que pedalar molhada e de noite não seria muito agradável.

Foto: Flavyo Lima

Seguimos para a segunda parte de bike, dessa vez 40k e esse trecho sim daria trabalho. As subidas começaram. Mas não eram subidas, eram SU-BI-DAS, dá pra entender? Certo momento imaginei que o próximo Pc seria no céu! O pedal virou o famoso "empurra bike" era impossível pedalar, subidas extremamente íngrimes e muito longas, e nessa hora a equipe deu uma baixada. Walter teve uma indisposição, e se sentia mais fraco, o sono me pegou e quando me dei conta, havia cochilado e bati a roda na bike de André, quase foram os dois pro chão! Olha a situação, a pessoa dormiu pedalando...kkkk não imaginava que pudesse existir tamanha exaustão.
Chegando no Pc 14 (se não me engano) por volta das 3:00h da manhã, o mesmo não se encontrava lá, e fizemos uma parada. Simplesmente desci da bike, deitei no concreto em frente à capela e apaguei! O chão nunca foi tão confortável! kkk Eu achava que tinha apenas dado uma "pescada", mas André disse: Isso é o que você pensa!! kkk Então perdi a noção de quanto tempo ficamos ali, 5min, 10min ou 15min. Mas de fato, meu breve apagão foi renovador, e já saí ligadona, estava animada novamente!! O corpo é muito louco mesmo!
Depois que sobe, é preciso descer, algumas descidas eram mais técnicas, com muitos desníveis na trilha, mas ainda assim, acho que conseguimos manter um bom ritmo.
O sono pegou nosso navegador André, e começamos a errar a navegação, nessa hora, Dau, meio que assumiu o mapa, até André recuperar a atenção. Nessa parte que erramos, fomos ultrapassados pela Makaíra, que abriu vantagem, não tinha mais como alcançá-los. Estávamos em 2º lugar. 
Walter em alguns momentos parecia estar totalmente recuperado e seguia em frente firme, mas quando menos esperava, se sentia mal novamente e começava a travar uma batalha contra seu corpo que pedia pra parar. Mas seguia firme na ideia de terminar. Guerreiro demais!
Começou a clarear, saímos da bike e de volta pro trekking, passando por uma região bem simples, com moradores bem humildes, resolvemos parar e pedir um gole de café para reanimar. A moça que nos atendeu, já naquela hora da manhã tinha simpatia para dar e vender, nos deu 700ml de café quentinho e docinho no squeeze, e ainda um pacote de cream craker preocupada que estivéssemos com fome! É admirável a atitude dessas pessoas que encontramos pelo caminho nessa jornada, sempre solícitos, sorridentes e dispostos a dividir o pouco que tem. Grande lição ter oportunidade de estar com pessoas de coração tão grande!
O café deu uma reanimada em todo mundo, André reassumiu a navegação e continuamos em direção ao rapel. Sempre na caminhada, mas nas descidas, era mais fácil trotar, do que segurar o corpo andando...
Feito rapel, mais um trecho de trekking até pegar a bike rumo ao final da prova. Dessa vez, 10k plano. Ufa!! Ninguém aguentava mais subir!!
Saber que o final se aproximava, fazia buscar forças de onde não tinha mais para pedalar, voltamos num ritmo muito bom! 
E enfim, 20h depois, estávamos de volta onde tudo havia começado, só que carregando no coração experiências inesquecíveis, passado por lugares incríveis, conhecendo nossos limites e felizes por sermos vitoriosos!
Parabéns meninos! Feliz em dividir essa história com vocês! Vocês são realmente INSANOS!!

                                            Foto: Ana Paula Mattos

Parabéns aos atletas participantes, todos com muita garra! A melhor parte é ter com quem dividir essas experiências!!

Ao clube KAAPORAS, parabéns pela bela prova, lugares incríveis, modalidades muito bem distribuídas. Amei a experiência! Quero mais!!


Agora é recuperar porque semana que vem tem Meia Maratona.... rsrs não pode parar! 

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