Vivendo a Bahia!

Nascida e criada em São Paulo capital, e há pouco mais de dois anos morando em Lauro de Freitas - BA. Resolvi criar esse blog para compartilhar as experiências, alegrias, diferenças, choques culturais, aventuras esportivas e conhecimentos que marcam essa mudança e adaptação. São histórias e curiosidades da nova rotina que tem seu tom de humor e vale a pena dividir. Isso é Brasil! Sejam bem vindos!!





quinta-feira, 21 de julho de 2011

Carteira "REGIONAL" de habilitação, para descontrair...


Quando frequentamos a auto escola e concluímos o curso, recebemos a CNH (carteira nacional de habilitação) válida em todo território nacional. Cheguei a conclusão que a mesma deveria ser REGIONAL pois é muito diferente dirigir em outro estado. Já ouvi pessoas comentando sobre o trânsito do Rio de Janeiro e tal, mas particularmente não tinha vivido essa experiência. Sem entrar no mérito de quem está certo ou errado, o fato é que a diferença existe, e é gritante! Quem me conhece sabe que sou completamente desorientada, daquelas que erra até sendo guiada pelo GPS. O Paulão (a voz do meu GPS) vive nervoso comigo, meu marido então... Mas eu sou assim, não tem jeito, deve ser herança genética, né mãe?! Agora, imaginem o desespero de dirigir num lugar desconhecido, tensa com medo de me perder e ainda não entender as regras por aqui? Por exemplo, às vezes tenho a impressão que a pista da esquerda (que aprendi que é mais veloz) aqui é a mais lenta, e pela direita o povo passa "voando" baixo. As motos se comportam como carros, transitam dentro das faixas, seguem os carros, com raríssimas excessões, mas bem diferente da Av. Rebouças que eu estava acostumada. Por outro lado, fechadas, cortadas são comuns e parece que os motoristas não se importam, claro se não bater. Em São Paulo lembro que coisas assim eram motivo suficiente para discussões, brigas, e as vezes até tiro. Aqui, é tão comum, mas tão comum, que ninguém se altera com essas coisas e o trânsito flui normalmente se não tiver colisão. Não preciso dizer que quando cheguei, só dirigia dentro do meu bairro, logo eu que nunca tive medo de dirigir. Parecia que tinha acabado de tirar carta. Aos poucos, comecei a dirigir pelas ruas de Lauro de Freitas, e posso dizer que a Estrada do Coco, (que tem acesso ao aeroporto internacional Luis Eduardo Magalhães) era sempre com emoção. Dirigir até Salvador, nem pensar! Eu sempre passava a bola para meu marido. Até que um dia, minha mãe resolveu passar mal, ficou internada no hospital (em Salvador) e quando teve alta (ela está ótima Graças a Deus) a missão de buscá-la sobrou pra mim. Quando entrei na Av. Paralela, que liga Lauro de Freitas à Salvador (semelhante à Marginal em SP) desesperei. Eu estava tão nervosa que fiquei uns dois dias dolorida de tanto contrair os músculos, mas deu tudo certo. Peguei minha mãe e na volta "quase",  mas sabe aquele "quase"que por menos de 1mm teria feito o maior estrago? Fui cortada, sem seta, sem nada, e não cabia o carro do moço (que estava no celular) e nem viu que eu estava ali. Minha mãe que estava dopada de tanto remédio na hora ficou lúcida, e eu, com aquele frio na barriga e tremendo inteira. É assim, ou você se acostuma, ou não sai de casa.
Recebi um e-mail de um baiano, o Guia para dirigir em Salvador, vale a pena ler.

GUIA RÁPIDO PARA DIRIGIR EM SALVADOR
Vindo à capital da Bahia a passeio e tendo que se adaptar ao jeitinho baiano de dirigir, não se assuste. Em Salvador você verá atrocidades; você duvidará que o motorista que violentamente insiste em lhe expulsar da pista goza de boa saúde mental; você não entenderá como nós soteropolitanos, famosos no mundo por não se estressarem, nos transformamos em seres raivosos quando estamos ao volante. Não fazemos por maldade, guiamos preocupados apenas com o centro do universo, nós mesmos, os baianos, os piores motoristas do Brasil. As lições vão lhe ajudar no trânsito de Salvador.
1ª LIÇÃO: FAIXAS INÚTEIS - A pintura de faixas, quando existe, não serve para absolutamente nada. Nós não sabemos exatamente para que a via foi dividida em faixas. Passamos de uma faixa para outra, rodamos sobre as faixas “seguindo os pontinhos” como se não quiséssemos nos perder... e em qualquer curva preferimos a tangente, mesmo que a faixa ao lado esteja ocupada por algum “leso”. Acostume-se, esqueça as faixas, sinta-se livre.
2ª LIÇÃO: PARAR JÁ - Paramos onde e quando precisamos; às vezes até ligamos o pisca alerta. Todos podem esperar um pouco. Na rua onde mal passa um carro, que diferença podem fazer cinco ou dez minutos parado até que “voinha” desça da casa de “mainha”? Se o carro da frente parar, tenha paciência, espere até que ele decida seguir ou, também é permitido, buzine alucinadamente para extravasar sua raiva, sabendo que não vai adiantar. Desconte no próximo, pare também onde e quando quiser, aqui pode.
3ª LIÇÃO: SETAS INVERTIDAS - Não temos idéia do que passava na cabeça de quem colocou aquelas luzinhas amarelas que piscam quando nossos filhos mexem naquela alavanca inútil que fica próxima ao volante. Às vezes acionamos sem querer a luzinha que pisca na esquerda ou na direita. Se desejamos ir para a esquerda, vamos, não importa se a tal luz amarela está piscando, muito menos se pisca do lado certo. Seta é coisa de carioca “isperto”, nós não precisamos de seta para guiar. Nunca sinalize em Salvador, você poderá desviar a atenção do baiano que vai ao seu lado.
4ª LIÇÃO: METER O TERÇO - Metendo um terço do seu carro na frente do baiano que teria a preferência você automaticamente obriga-o a ceder em seu favor. Meta o terço em qualquer situação: em cruzamentos perigosos, ao entrar em vias rápidas, quando quiser passar à frente de algum otário, enfim, meter o terço lhe garante vantagem indiscutível. É possível que às vezes ocorra uma pequena batida, coisas da vida. Se bater saia do carro e comece a bater papo com o outro baiano. Vocês acabarão descobrindo que são parentes ou que têm amigos em comum.
5ª LIÇÃO: EMPARELHAR - Fique sempre ao lado de algum carro. Se ele acelerar, acelere também. Se reduzir a velocidade, reduza e permaneça “emparelhado”. Emparelhar deixa o baiano seguro. Vá juntinho, melhor seguir acompanhado. Se atrapalhar quem vem atrás não se avexe, quem quiser passar que passe. É isso mesmo, às vezes a oitenta por hora, ou a vinte, os baianos adoram andar emparelhados... e só Deus sabe o motivo.
6ª LIÇÃO: DOIS DEDOS - Dois dedos é a distância normalmente mantida por um bom motorista baiano do carro da frente. Colado, bem juntinho. Achamos que assim é possível aproveitar ao máximo o espaço disponível em nossas ruas. Outra vantagem em manter dois dedos do carro da frente é mostrar que estamos com pressa, que o carro da frente deve se apressar. Não importa se o motorista da frente não está atrasado como um bom baiano. O que importa é seguir colado. Não se perca, siga sempre a dois dedos do carro da frente.
7ª LIÇÃO: FILA É PARA OTÁRIO - Em qualquer conversão, onde normalmente só caberia um carro, nós baianos fazemos a fila dupla, tripla, às vezes dá até para a quarta fila. Nunca espere o leso que está aguardando pacientemente a conversão, fila é para otário. Passe à frente, meta o terço, tome a preferência da conversão à força. Quem quiser que buzine.
8ª LIÇÃO: BUZINA NO SINAL VERDE - Nós, baianos, há muitos anos disputamos o campeonato de acionamento de buzina após a abertura do sinal. Aguarde o sinal verde com as duas mãos prontas para acionar violentamente a buzina do seu carro. O recorde é de Toinho, irmão de Ninha, dois centésimos de segundo após a luz verde. Capriche na buzina, rápido, mesmo que você esteja sem pressa, mesmo que buzinar não faça nenhum sentido.
9ª LIÇÃO: LIXO NO CARRO NÃO - É isso mesmo que você forasteiro está pensando. Nos nossos carros baianos não pode ter lixo. Vai tudo pela janela: latinha de cerveja, fralda suja, palito de picolé, ponta de cigarro, garrafa pet. Somos muito asseados, lixo no carro não. Quem quiser que varra a rua. Acostume-se e, se do carro da frente for jogado algum objeto grande, desvie sem reclamar.
10ª LIÇÃO: O RETORNO É AQUI - Nas ruas de Salvador é possível retornar em qualquer lugar. Gire o volante e, se couber, ótimo. Se não “deu jogo” dê uma rezinha rapidinha e complete a manobra. Quem quiser que espere ou se bata. Quem procura retorno é otário. Não se assuste de depois da curva der de cara com uma D20 atravessada na pista, manobrando para retornar a dez metros do retorno correto.
Boa sorte no trânsito de Salvador! Antes que eu esqueça: para dirigir em Salvador você não precisa, necessariamente, olhar para frente. Converse olhando sempre para o carona. Fale ao celular, leia, procure coisas no porta-luvas, enfim, descontraia, crie você mesmo suas regras de trânsito.
Fonte: Robson Oliveira (baiano).

Em qualquer lugar do Brasil,  seja um motorista consciente! Bom dia à todos!!

4 comentários:

Alexandre Pina disse...

Fê, sem dúvida é a realidade do trânsito de Salvador!!!!!Baiano ou "forasteiro" vão concordar!!!

izilda disse...

Fernanda, em São Paulo é "carta de motorista", na Bahia é "carteira". Muitp bom. Adorei.

Marina Galeano disse...

Fe, adorei o blog!
Vc escreve super bem!!!
Vou te acompanhar por aqui tb, matar um pouco da saudade.
Beijo grande
Marina

Fernanda Piedade disse...

Oi Má! Obrigada pelos elogios! Estou acompanhando seu blog também, me divirto com suas histórias, é um jeito da gente sentir que está por perto de quem gosta....
Beijos pra você e os filhotes (Felipe e Guilão)